PRÓLOGO
PARA O MEU LIVRO DA VIDA
Autor:
XIKO MENDES
(Homenagem para minha sobrinha LORRANE
S. MENDES como Mensagem de Agradecimento por sua Formatura na Universidade de
Brasília em agosto de 2016).
Somos a história que construímos ao
longo da trajetória de nossa curta existência terrena. O Livro da Vida não é como um caderno de escola onde usamos corretivo
ou passamos a borracha em tudo que escrevemos. No Livro da Vida, a releitura de cada página muitas vezes nos faz
chorar, outras vezes nos fazem rir sozinhos, mas em qualquer das duas
situações, é a caneta (livre-arbítrio) que utilizamos na escrita da existência
que define o que os outros falarão sobre nós, hoje ou quando morrermos, e
deixarmos aqui inscritos nas pedras (lápides) do mundo nossos erros e acertos.
Independente do que a Posteridade vir a julgar sobre erros e acertos, uma coisa
é certa: a Vida é sempre um livro inacabado, cheio de rabiscos, correções pela
metade, anotações (margem de erro) em mosaico-labirinto, mas a vida nunca se
reescreve em tintas diferentes daquelas que escolhemos para pintar nossa
felicidade ou tristeza.
O Livro
da Vida é um manuscrito-palimpsesto, inalterável e imponderável, sobre o
qual nunca se escreve nada que não seja consequência dos atos (certos ou
errados) tomados durante nossa existência. Podemos até tentar rasgar muitas
páginas do livro de nossa vida, mas elas persistirão, inquietas e movediças,
trilhando, como fantasmas sonâmbulos, noites de insônia (por arrependimento
decidido tarde demais) ou dias de tédio (por termos tomado decisões erradas ou
irreversíveis).
No Livro da Vida não há heróis ou bandidos, absolvidos ou condenados.
Há sempre alguém que reinventa o pecado para o eterno ritual de expiação de
seus erros. Há sempre alguém agindo como Cérbero fechando janelas e impedindo
portas de se abrirem para contemplarmos a beleza do mundo, o mistério da vida,
nas bordas fronteiriças do Universo. Mas, sempre e sempre mesmo, na última
página do Livro da Vida, como
epílogo ou epitáfio, haverá sempre um espaço em branco para usarmos a caneta de
nossa existência e deixar nele nossas últimas palavras como honras fúnebres: PERDÃO, REDENÇÃO, RECOMEÇO, AMOR,
RESIGNAÇÃO...
O Livro
da Vida não é purgatório nem limbo, não é manual de escatologia do juízo
final com palavras ditadas por profetas
inconsequentes, mas nele há prólogo e epílogo sem determinismo teleológico
porque a Vida quer de nós mais que coragem, mais que arrependimento, mais que
desculpas para um fim com absolvição no leito de morte. A Vida quer de cada um é atitude autocrítica e humanística para consigo
mesmo e para com os outros, ATITUDE COM HUMILDADE para mudar o que não é
possível de se reescrever no Livro da Vida.