Despedida Triunfal a uma Mãe Heroína!
(Homenagem à D. ESTEVA Rodrigues de Souza, 5/9/1929 – 3ª feira, 6/7/2010, 3:30).
Xiko Mendes
(Penúltimo Filho de Dona Esteva).
Quando
ela nasceu,
O
céu estava claro
E
as estrelas brilhavam.
Não
se sabe a que horas,
Mas
os anjos se reuniram
E
disseram: nasceu uma GUERREIRA!
Ela
não terá pai para criá-la, pois
Ele
morrerá antes dos quatro anos dela.
Não
terás mãe por muito tempo, pois
Morrerá
antes de ela completar 20 anos.
Mas
não será uma pessoa solitária,
Ou
covarde diante da vida.
Ela será
ousada, sonhadora, convicta
Daquilo
em que vir a acreditar.
Será
uma MULHER DE FÉ,
Profundamente
religiosa,
Crítica,
independente, polêmica...
Pois
tudo que vir a pensar será dito
Ainda
que isso doa na alma das pessoas.
Dar
opinião e não ter medo de externá-las
Em qualquer lugar e para quem quer que
seja
Será
a marca maior de sua personalidade.
Será
uma mulher firme sempre, mas
Muito
meiga, sentimental, amorosa com todos;
Saberá
sempre perdoar as pessoas
Logo
depois de um conflito de opinião.
Assim
sendo, ela cresceu, casou-se,
E
viveu com o único homem de sua vida
Por
quase sessenta anos.
Teve
dez filhos, um punhado de netos,
Mais
alguns bisnetos.
Ao
longo da vida nunca se conformou
Em
ser analfabeta.
Estudou,
com apoio marital, todos os filhos.
Uns
se formaram, outros aprenderam
O
mínimo necessário para viver.
Ela
era e será sempre nossa heroína.
E
ela se orgulhava disso: de ter
Criado
a filharada sozinha e na roça,
Sendo
esposa de vaqueiro tão forte e
Herói
anônimo e honesto do jeito dela.
Para
nós, ela nunca fora analfabeta!
Ela
não dominava a escrita, é verdade,
Mas
escrevia sonhos em céus estrelados;
Não
verbalizava a leitura, é verdade,
Mas
lia com perspicácia e sensibilidade,
Interpretando no rosto de cada ser humano
O Grande
Livro da Vida:
Esse
livro que não é feito de papel,
Mas
de experiências acumuladas,
De
vivências compartilhadas e
Ideais
diariamente perseguidos
Para
ela e para o bem de todos ao seu redor.
Esse
livro sem palavras
Tem
como símbolo a vida em meio aos
Conflitos
da Existência.
Ela
era uma “leitora” atenta do Livro da Vida:
Sabia
aconselhar;
Sabia
ser prudente;
Sabia
amar com o mais nobre e puro dos sentimentos
Humanos:
o de ser mãe 24 horas! Sempre!!!
Morreu
com quase 81 anos.
Mas
nunca deixou de sonhar.
Nunca
deixou de acreditar que viveria
O
tempo suficiente para cumprir sua
Missão
como mulher, como esposa,
Como
mãe, como avó e como amiga
Fiel,
sincera, verdadeira!
E
todas as suas missões foram cumpridas!
Essa
mulher, que tornou-se adulta sem pai e sem mãe,
Foi,
para nós, a mais importante de todas as mulheres.
De
tudo o que ela representa para nós,
Restaram
cinco coisas como lições eternas de vida.
São
frases das quais nunca esqueceremos:
1ª
– Sonhem meus filhos, sonhem!
2ª
– Deus não desampara ninguém!
Acreditem em vocês!!
3ª
– Não pague o Mal com o Mal
porque Deus sabe a hora de dar respostas.
4ª
– Nunca carregue mágoas; perdoe as
pessoas sempre.
5ª
– Não chorem no meu enterro, não chorem, pois DEUS sabe a hora de me levar.
DESCANSE
EM PAZ, MAMÃE!!! Descanse!!
Que
Deus e aqueles anjos – que anunciaram seu nascimento –
Se
juntem como Mensageiros da Harmonia e do conforto espiritual
No
Céu e na Terra,
“Na
Alegria e na Tristeza;
Na
Saúde e na Doença...”.
DESCANSE,
MAMÃE!!! Descanse!!
– “Deus não desampara ninguém”:
a Senhora sempre dizia isso.
E
Ele, Deus, está conosco e sempre estará com você, mamãe!
Tchau,
MAMÃE!!!
Um
dia nos reencontraremos
Para
lermos juntos o GRANDE LIVRO DA VIDA
Do
qual você, mamãe, inscreveu-se como
Uma
das AUTORAS, sempre escrevendo com a pena da
Esperança
e do Amor sem pedir nada em troca.
TCHAU,
MAMÃE!!! Não diremos ADEUS!!!
NÃO!!!
NÃO DIREMOS!!!!
P.S.: Este poema foi escrito e concluído na terça-feira,
Seis de julho de 2010, às 7:38:20, quatro horas depois da notícia de
falecimento de minha mãe. Esse texto foi lido durante as Honras
Fúnebres oferecidas à DONA ESTEVA RODRIGUES DE SOUZA, pouco antes do
sepultamento, e foram feitas na manhã de quarta-feira, 7/7/10 na residência de
Oládio, um dos meus irmãos. No cemitério, as homenagens foram feitas por um
amigo da família, Sílvio Roberto Batista de Almeida, a quem agradecemos pela
solidariedade. Obrigado!
OBS.: Este poema foi publicado no livro SONHOS, SILÊNCIO E SAUDADE EM MINHA VIAGEM AO FUNDO DO LAGO FORMOSO, Unifam, 2012.