sábado, 13 de agosto de 2016

ESTEVA RODRIGUES DE SOUZA (1929-2010): 6 ANOS DE SAUDADE.

Despedida Triunfal a uma Mãe Heroína!

(Homenagem à D. ESTEVA Rodrigues de Souza, 5/9/1929 –  3ª feira, 6/7/2010, 3:30).


Xiko Mendes (Penúltimo Filho de Dona Esteva).

Quando ela nasceu,
O céu estava claro
E as estrelas brilhavam.
Não se sabe a que horas,
Mas os anjos se reuniram
E disseram: nasceu uma GUERREIRA!
Ela não terá pai para criá-la, pois
Ele morrerá antes dos quatro anos dela.
Não terás mãe por muito tempo, pois
Morrerá antes de ela completar 20 anos.
Mas não será uma pessoa solitária,
Ou covarde diante da vida.

Ela será ousada, sonhadora, convicta

Daquilo em que vir a acreditar.
Será uma MULHER DE FÉ,
Profundamente religiosa,
Crítica, independente, polêmica...
Pois tudo que vir a pensar será dito
Ainda que isso doa na alma das pessoas.
Dar opinião e não ter medo de externá-las
Em qualquer lugar e para quem quer que seja
Será a marca maior de sua personalidade.
Será uma mulher firme sempre, mas
Muito meiga, sentimental, amorosa com todos;
Saberá sempre perdoar as pessoas
Logo depois de um conflito de opinião.
Assim sendo, ela cresceu, casou-se,
E viveu com o único homem de sua vida
Por quase sessenta anos.
Teve dez filhos, um punhado de netos,
Mais alguns bisnetos.
Ao longo da vida nunca se conformou
Em ser analfabeta.
Estudou, com apoio marital, todos os filhos.
Uns se formaram, outros aprenderam
O mínimo necessário para viver.
Ela era e será sempre nossa heroína.
E ela se orgulhava disso: de ter
Criado a filharada sozinha e na roça,
Sendo esposa de vaqueiro tão forte e
Herói anônimo e honesto do jeito dela.
Para nós, ela nunca fora analfabeta!
Ela não dominava a escrita, é verdade,
Mas escrevia sonhos em céus estrelados;
Não verbalizava a leitura, é verdade,
Mas lia com perspicácia e sensibilidade,
Interpretando no rosto de cada ser humano
O Grande Livro da Vida:
Esse livro que não é feito de papel,
Mas de experiências acumuladas,
De vivências compartilhadas e
Ideais diariamente perseguidos
Para ela e para o bem de todos ao seu redor.
Esse livro sem palavras
Tem como símbolo a vida em meio aos
Conflitos da Existência.
Ela era uma “leitora” atenta do Livro da Vida:
Sabia aconselhar;
Sabia ser prudente;
Sabia amar com o mais nobre e puro dos sentimentos
Humanos: o de ser mãe 24 horas! Sempre!!!
Morreu com quase 81 anos.
Mas nunca deixou de sonhar.
Nunca deixou de acreditar que viveria
O tempo suficiente para cumprir sua
Missão como mulher, como esposa,
Como mãe, como avó e como amiga
Fiel, sincera, verdadeira!
E todas as suas missões foram cumpridas!
Essa mulher, que tornou-se adulta sem pai e sem mãe,
Foi, para nós, a mais importante de todas as mulheres.
De tudo o que ela representa para nós,
Restaram cinco coisas como lições eternas de vida.

São frases das quais nunca esqueceremos:
1ª – Sonhem meus filhos, sonhem!
2ª – Deus não desampara ninguém! Acreditem em vocês!!
3ª – Não pague o Mal com o Mal porque Deus sabe a hora de dar respostas.
4ª – Nunca carregue mágoas; perdoe as pessoas sempre.
5ª – Não chorem no meu enterro, não chorem, pois DEUS sabe a hora de me levar.

DESCANSE EM PAZ, MAMÃE!!! Descanse!!
Que Deus e aqueles anjos – que anunciaram seu nascimento –
Se juntem como Mensageiros da Harmonia e do conforto espiritual
No Céu e na Terra,
“Na Alegria e na Tristeza;
Na Saúde e na Doença...”.
DESCANSE, MAMÃE!!! Descanse!!

– “Deus não desampara ninguém”: a Senhora sempre dizia isso.

E Ele, Deus, está conosco e sempre estará com você, mamãe!
Tchau, MAMÃE!!!
Um dia nos reencontraremos
Para lermos juntos o GRANDE LIVRO DA VIDA
Do qual você, mamãe, inscreveu-se como
Uma das AUTORAS, sempre escrevendo com a pena da
Esperança e do Amor sem pedir nada em troca.
TCHAU, MAMÃE!!! Não diremos ADEUS!!!
NÃO!!! NÃO DIREMOS!!!!

P.S.: Este poema foi escrito e concluído na terça-feira, Seis de julho de 2010, às 7:38:20, quatro horas depois da notícia de falecimento de minha mãe. Esse texto foi lido durante as Honras Fúnebres oferecidas à DONA ESTEVA RODRIGUES DE SOUZA, pouco antes do sepultamento, e foram feitas na manhã de quarta-feira, 7/7/10 na residência de Oládio, um dos meus irmãos. No cemitério, as homenagens foram feitas por um amigo da família, Sílvio Roberto Batista de Almeida, a quem agradecemos pela solidariedade. Obrigado!


 OBS.: Este poema foi publicado no livro SONHOS, SILÊNCIO E SAUDADE EM MINHA VIAGEM AO FUNDO DO LAGO FORMOSO, Unifam, 2012.